terça-feira, 19 de agosto de 2008

Chimarrão...Ah, O Chimarrão!

Bom, quando se fala em gaúcho logo associa-se o chimarrão! Como como o nome do blog refere chimarrão, observando isso, meu amigo Marco me solicitou um post esclarecedor sobre o dito!
O chimarrão ou mate (são a mesma coisa) pode ser tomado de três maneiras, em relação à companhia: o mate solito (isoladamente); o mate de parceria (uma companheira ou companheiro) e, finalmente, em roda de mate (em grupo).


O MATE SOLITO O homem que não precisa de estímulo maior para matear, que sua vontade; no geral, é o verdadeiro mateador.


O MATE DE PARCERIA A pessoa espera por um ou dois companheiros a fim de motivar o mate, pois não gosta de matear sozinha.


RODA DE MATE É na roda de mate que esta tradição assume seu apogeu, agrupando pessoas sem distinção de raça, credo, cor ou posse material (o homem vale pelos seus atos). Irmanados dentro deste clima de respeito, o mate vai integrando os homens numa trança de usos e costumes, que floresce na intimidade gaúcha.



A ÁGUA PARA PREPARAR O MATE A temperatura da água para preparar o mate nunca deve estar muito quente, pois pode queimar a erva, dando um gosto desagradável ao mate e lavando rapidamente. A água para o mate nunca deverá ser fervida, pois se tornaria pesada, pela perda de oxigênio, transmitindo um sabor diferente ao mateador. O ideal é quando a água apenas chia.
SÓ O CEVADOR PODE MEXER NO MATE A menos que se obtenha licença, só o cevador deve arrumar o mate, considerando-se falta de respeito alguém mexer sem permissão. Mesmo que o topete (barranco) esteja se desmanchando ou qualquer outro problema com o mate, devemos entregá-lo ao enchedor ou cevador. Podemos, isto sim, ao devolver a cuia, avisá-lo da ocorrência. O bom cevador, cada vez que recebe a cuia, antes de enchê-la, dá uma ajeitada na bomba, de modo que renove o fluxo de seiva, demonstrando, assim, seu conhecimento na intimidade com o mate.
NÃO TE ENVERGONHES DO "RONCO" NO FIM DO MATE Se, ao acabar o mate, sem querer fizeres a bomba "roncar", não te envergonhes. Está tudo bem, ninguém vai te julgar mal-educado. Este negócio de chupar sem fazer barulho vale para Coca-Cola com canudinho, que tu podes até tomar com o dedinho levantado.
NÃO "DURMAS" COM A CUIA NA MÃO Tomar mate solito é um excelente meio de meditar sobre as coisas da vida. Tu mateias sem pressa, matutando, recordando... E, às vezes, te surpreende até imaginando que a cuia não é cuia mas o quente seio moreno daquela chinoca faceira que apareceu no baile do Gaudêncio... Agora, tomar chimarrão numa roda é mui diferente. Aí o fundamental não é meditar e sim integrar-se à roda. Numa roda de chimarrão, tu falas, discutes, ri, xingas, enfim, tu participas de uma comunidade em confraternização. Só que esta tua participaçâo não pode ser levada ao extremo de te fazer esquecer da cuia que está em tua mão. Fala quanto quiseres mas não esqueças de tomar teu mate, que a moçada tá esperando.
NÃO CONDENES O DONO DA CASA POR TOMAR O 1º MATE Se tu julgas o dono da casa um grosso por preparar o chimarrão e tomar ele próprio o primeiro, saibas que grosso é tu. O pior mate é o primeiro e quem o toma está te prestando um favor.

Mas não da pra comprar uma cuia e uma bomba e sair mateando pelo pampa a fora, é muito importante que se de uma curtida (curada) na dita, pelo bom funcionamento do teu intestino e pela conservação da cuia.
Cura-se uma cuia enchendo-a de erva-mate pura ou misturada com cinza vegetal e água quente. Este pirão deve permanecer por dois ou três dias, sempre úmido, para que fique bem curtida, impregnando o gosto da erva em suas paredes. A Cinza é para dar maior resistência ao porongo. Passando o tempo determinado, retira-se a erva-mate da cuia, raspando com uma colher, para eliminar alguns baraços que tenham ficado. Enxágua-se com água quente e estará curada ou curtida, pronta para entrar em uso. O mate ou cuia se cura cevando, isto é, à medida que vai sendo usada vai dando melhores mates. Há quem goste de colocar o mate (cuia) num cozimento com flores de maçanilha após o curtimento.
Fonte: http://www.paginadogaucho.com.br/chim/


E aí vai um verso que gosto muito e traduz toda a essência do chimarrão!
"CHIMARRÃO Autoria: Glaucus Saraiva Amargo doce que eu sorvo Num beijo em lábios de prata. Tens o perfume da mata Molhada pelo sereno. E a cuia, seio moreno, Que passa de mão em mão Traduz, no meu chimarrão, Em sua simplicidade, A velha hospitalidade Da gente do meu rincão. Trazes à minha lembrança, Neste teu sabor selvagem, A mística beberagem, Do feiticeiro charrua, E o perfil da lança nua, Encravada na coxilha, Apontando firme a trilha, Por onde rolou a história, Empoeirada de glórias, De tradição farroupilha. Em teus últimos arrancos, Ao ronco do teu findar, Ouço um potro a corcovear, Na imensidão deste pampa, E em minha mente se estampa, Reboando nos confins , A voz febril dos clarins, Repinicando: "Avançar"! E então eu fico a pensar, Apertando o lábio, assim, Que o amargo está no fim, E a seiva forte que eu sinto, É o sangue de trinta e cinco, Que volta verde pra mim".
Grande Abraço!

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